Belém tem um dos desfiles de escolas de samba mais antigos do Brasil. Desfilando organizadamente desde 1952, a cidade abriga agremiações como o Rancho Não Posso Me Amofiná, com 89 anos, o Quem São Eles com 77 anos, e a Embaixada do Império Pedreirense com 60 anos, entre as mais antigas. No entanto, aparentemente, o que vemos, atualmente, são as cinzas do carnaval em Belém.
Passadismo
O clima de nostalgia sobre o carnaval da cidade é perfeitamente compreensível. A festa é mais um capítulo da cidade que se acostumou a viver o “Já teve” como maior patrimônio.
Indefinições da PMB
Em 2024, a luta das agremiações para colocar na avenida o carnaval se trava principalmente conta as indefinições com relação à subvenção paga pela Prefeitura de Belém às escolas de samba da capital. As integrantes do Grupo Especial do Carnaval de Belém falam abertamente sobre a temeridade em levar a cabo o complexo desfile das escolas de samba sem que a PMB atue de forma clara, direta e determinada como uma apoiadora.
Apoio residual
A PMB constrói sua narrativa afirmando que apoia o carnaval e indicando as ações laterais que promove, nos carnavais dos distritos, blocos, etc.
O fato, porém, é que, surpreendentemente, a maior expressão do carnaval de Belém, o desfile das escolas de samba, há anos, é desprezado.
O governo do estado
Por esses motivos, mais uma vez atuando sobre um campo que deveria ser de atenção do prefeito, o Governo do Pará, por sua secretária de cultura, Ursula Vidal anunciou, em plena semana do carnaval, seu socorro para que o desfile possa acontecer, pasmem, em março.
O intuito, nas palavras da secretária é, no entanto, não atuar apenas como bombeiro, mas retomar o protagonismo integral do carnaval de Belém.
Carnaval de Belém lá fora
Enquanto a PMB não conseguiu organizar a tempo sua interação com as escolas de samba de modo a viabilizar o espetáculo na capital, o governador Helder Barbalho conquistou para a cidade uma janela de visibilidade imensa.
Ele anunciou que, em 2025, a Grande Rio, tradicional escola de samba carioca, levará à Sapucaí Belém do Pará como tema.
É um tiro certeiro. Ano de Cop 30, a cidade, com o carnaval carioca, garante a maior visibilidade possível. Em outros anos de apoio do governo do estado a desfiles com temática paraense, o resultado foram inesquecíveis vitórias.
Samba, suor e despeito
A turma hater povoou os anúncios das ações de Helder Barbalho em prol do carnaval. Pão e circo, oportunismo… daí pra baixo foram as acusações à proatividade do governador.
São, claro, críticas vazias porque ignoram as ligações históricas entre os carnavais de Belém e do Pará com o maior espetáculo da Terra realizado no Rio de Janeiro.
Ignoram as oportunidades de divulgação óbvias para Belém e, mais embaixo, ignoram o incremento às atividades carnavalescas que derivam da interação entre as classes artísticas de lá e de cá. É uma relação de ganho e ganho.
Cinzas do carnaval em Belém
Para o público carnavalesco, o que fica é, além da quarta-feira de cinzas do carnaval em Belém, a postura vacilante da prefeitura sobre se o carnaval de Belém é uma prioridade sua e, mais uma vez, um Governador sobre o qual diz-se, pelas ruas e redes, que é o real governante da capital.
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