No Pará, hoje, vivemos um fenômeno inédito na história democrática do estado. Nunca antes um político eleito pela via direta e que tenha ocupado o cargo de governador foi tão dominante da conjuntura política. Helder Barbalho tem sido, em seu sexto ano de governo, não apenas o responsável inaugurar uma nova inserção do estado no Brasil e no mundo, mas também por reconfigurar o tabuleiro de forças políticas nacionalmente. Desses personagens, espera-se, como estratégia que elevem a carona como arte
Esse fato leva alguns personagens a uma dificuldade tremenda para imporem-se como relevantes dentro da cena paraense. Diante do gigantismo de Helder Barbalho, personagens que outrora seriam incensados como virtuoses, prodígios ou talentos políticos acabam por ganhar tonz de cinza sem graça em suas penugens.
Quem tem limites é…
Dr. Daniel é assim. Dono de uma aprovação acima da média no importante colégio eleitoral de Ananindeua – o condado – Daniel, agora, esbarra no limite político que todos os de sua classe esbarram no Pará: Helder Barbalho.
Como forma de contornar esse limite e também devido à onipresença do governador, cujo mandato tem espalhado realizações, literalmente, em todos os municípios do estado, certos atores tem optado por, ao invés de embarcar em agendas próprias, tornarem-se caroneiros profissionais, ou, free riders.
A carona como arte
O free-riding é definido como o efeito de atuação em que “um membro de um grupo obtém benefícios da membresia do grupo, porém não suporta um compartilhamento proporcional dos custos de prover tais benefícios” (Albanese & Van Fleet), em bom Português, é o efeito carona, afinal, o melhor meio de transporte, confortável e econômico, é a carona.
Aí não, prefeito…
Um exemplo: na presente semana, Dr. Daniel foi às redes comemorar o avanço do condado no ranking do saneamento, auferindo posições mais dignas nesse que sempre foi um quesito muito complicado da estrutura de Ananindeua. O prefeito dali colocou o feito como o mais importante de sua gestão… masssss… um porém, as obras das quais ele se orgulha foram conquistas, na verdade, dos investimentos do governo do estado, caso do canal do Maguariaçu, fundamental para o avanço comemorado por Daniel.
Pulando a roleta
Em Belém, do nem um pouco bem avaliado prefeito Edmilson Rodrigues, a ópera se repete, dessa vez, com tintas de desespero por parte do alcaide psolista. Nas mesmas redes sociais, sem ter o que propagandear, Ed. tomou um avião, foi até às instalações da automobilística Caio, fabricante de ônibus, e posou com os trezentos veículos que, se a própria gestão dele não atrapalhar, estarão à serviço da população, já dentro das melhorias para a COP 30.
Ora… desnecessário dizer que esteve fora do alcance e capacidade da prefeitura de Edmilson Rodrigues viabilizar esta importante qualificação do sistema de transporte metropolitano. Em verdade, a prefeitura foi instada a participar de um plano maior de Helder Barbalho, com o qual aceitou zerar os impostos municipais… e só!
Além disso, tudo foi o governador, desde a costura com empresários, fabricantes e o necessário para que os ônibus viessem a Belém. Mas Ed foi lá, sentar na cadeirinha do motorista com ares entre o constrangido e o oportunista.
E aí?
Ao público – eleitores – essas manobras não passam despercebidas. Elas tem um efeito para os círculos internos que aplaudem os dois prefeitos, mas, será que nos contextos mais amplos conseguem se impor como verdades?
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